terça-feira, 2 de janeiro de 2007

XIII

O descuido do teu mundo foi um problema do meu
O barulho que não fez foi o ruir do céu
Para quê voltar para trás se nada nos espera
Resta agora olhar em frente
Enfrentar esta quimera


Doce esperança que é a virginal ninfa
Nascida trémula na nascente dos olhos jovens
E que escorre junta á linfa
No organismo de onde tu vens

Mas não,
Não olhes pra mim
Não sou capaz de suster a memória que esse olhar trás
Sem sequer reviver um dia de remorso incapaz
Tentei arranhar a escuridão
E o que trouxe debaixo das unhas foi um resto do teu 'não'
Tentei arranhar a escuridão
E pareceu-me tocar na tua mão

Compareci ao pôr-do-sol
Como um admirador sincero
Dos raios de sol que esticam os braços moribundos
Pelo ar austero.
Debatendo-se. Moribundos.
Vi o carro da noite passar pela minha rua a voar,
E agora os dias parecem interstícios entre dois negros profundos.
Eu perdi-me no mapa que estava projectado
Debaixo dos lençóis que puxaste para o teu lado.

Deixa-me parar o tempo
Tocar no sol sem tirar os pés do chão
Manter a esperança de um dia flutuarmos
Irei resgatar a compreensão e trazê-la até mim
Se só assim me podes ouvir
Imagina,
Se não me vês não me podes magoar
E tu não me vês,
Tu não tens noção do que é ver

Continuas tão cega como quando eras as ondas
Que alternadamente embatiam contra a falésia,
Desgastando-me, e eventualmente eu ruí.
Inoculei-te tantos dias
E hoje comprimo as veias no meu peito
Para te impedir de aromatizares o meu coração de novo.
Adio a placidez monovalente da minha forma de ver o mundo.

Os dias passados entre cetim
Que formaram rios de luxúria
Foram queimados
Acompanharam a cama numa última purgação
Usas-me debaixo das unhas
Como eu uso o resto do teu 'não'.

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